terça-feira, 18 de dezembro de 2012

INFIDELIDADE: um estereótipo do mundo LGBT

Muitas pessoas vêem os gays como homens (e mulheres) que não querem nada além do que uma satisfação sexual momentânea, não importando com quem seja. Além disto, existe o estereótipo da infidelidade entre casais gays. Mas será mesmo que estas afirmações são verdadeiras?


Houve uma época em que ser gay era algo estritamente tabu, quase que proibido ou um crime. Neste cenário, grande parte dos gays acabava assumindo um comportamento social hétero, inclusive se casando e tendo filhos para serem aceitos na sociedade. Com seus desejos ocultados, muitos destes acabavam por viver aventuras sexuais perigosas e em condições vexaminosas. Não que isto não continue a ocorrer. Sabemos que há muitos gays dentro das igrejas evangélicas que ainda sofrem toda esta pressão sócio-religiosa e, no fim, acabam dando vazão ao seu verdadeiro eu de uma forma, digamos, pouco honesta consigo mesmos e com aqueles que os cercam, afinal gays não são bem vindos nas igrejas a menos que eles finjam ser héteros ou que permaneçam “eunucos”.  

Nossa sociedade já evoluiu muito na questão da aceitação social do gay, mas claro, esta aceitação ainda não é homogênea e existe, de fato, muito preconceito em certas camadas da sociedade. Pessoas que vivem no interior tendem a ser menos tolerantes quando a questão é homossexualidade, bem como aquelas com menor nível de instrução educacional. No entanto, em maio de 2011 o Supremo Tribunal Federal votou a favor da união estável para casais gays, decisão esta que levou também ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Isto não foi um fato novo para a justiça brasileira, mas sim uma formalização à jurisprudência do que já estava ocorrendo havia décadas no Brasil: casais homossexuais reivindicavam seus direitos junto à justiça por estarem há anos compartilhando suas vidas sob o mesmo teto. E por que será que estes casais o faziam? Por questões tão obvias quanto aquelas dos casais héteros que sempre tiveram o direito de formalizar suas uniões perante a lei brasileira.

De alguns anos para cá, mais e mais gays estão tendo a coragem de assumirem sua homosexualidade perante a sociedade, como também um relacionamento com alguém do mesmo sexo. E se eles assumem um relacionamento e vão morar juntos, logo também possuem direitos e obrigações. Por esta razão, o número de casais gays buscando a justiça para formalizar suas uniões estáveis tem crescido demasiadamente deste a decisão do Supremo. Se estas pessoas estivessem interessadas somente em sexo sem compromisso, será mesmo que elas se importariam em formalizar suas relações? Obvio que não. Elas o fazem justamente por possuírem um pacto mútuo de amor e fidelidade. Elas possuem uma história de vida em comum.


Existe promiscuidade no mundo GLBT? É claro que sim, e eu não estou tentando dizer que o mundo gay é puro e imaculado. Mas será que o “mundo hétero” é tão puro, ou mais puro que o gay? Pare por um momento e pense em quantos casos de traição você tem conhecimento entre héteros. Quantas héteros você conhece que só pensam em sexo, que não querem compromisso com ninguém, que traem a seus parceiros? A promiscuidade é tão antiga quanto a própria humanidade. Até mesmo na Bíblia temos exemplos claros disto:

  • As filhas de Ló embebedaram o próprio pai e transaram com ele com a desculpa de “suscitar semente”;
  • Davi se apaixonou por uma mulher casada (Bate-Seba) e cometeu adultério com ela;
  •  Salomão, filho do adultério de Davi, teve 700 mulheres e 300 concubinas;
  • Sara ofereceu sua escrava egípcia para que seu esposo, Abraão, pudesse ter um filho com ela, já que ela era estéril;
  • Nas batalhas travadas entre Israel e outros exércitos, Deus mandava que os soldados tomassem as mulheres virgens para si como escravas sexuais;

Só para mencionar alguns exemplos. Fora os casos de anciães e pastores que cometem adultério e continuam pregando como se não estivessem praticando nada de grave até serem descobertos. Enfim, a promiscuidade e a infidelidade não é nada particular ao mundo gay, mas sim ao gênero humano em geral. Dentre estes, há aqueles que decidem permanecer com uma única pessoa em suas vidas, como diz a frase clássica: "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte (ou o divórcio rs) os separe". Portanto, existe sim fidelidade, lealdade, parceria, amor, entendimento, compreensão e comprometimento entre os casais gays que decidem ser exclusivamente um do outro.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

No Tribunal de Justiça, casal gay vence disputa com clube


O Tribunal de Justiça de São Paulo acaba de decidir que clubes não podem impedir gays de incluírem seus companheiros...

O Tribunal de Justiça de São Paulo acaba de decidir que clubes não podem impedir gays de incluírem seus companheiros de relações estáveis como dependentes em título de classe familiar. A decisão foi tomada no julgamento da apelação do Clube Athletico Paulistano, que se recusava a aceitar o pedido de um de seus sócios para incluir o companheiro e a filha como dependentes.
Diante da recusa do clube, o sócio, o médico infectologista Ricardo Tapajós Martins Coelho Pereira, de 47 anos, recorreu à Justiça. O caso foi para a 11.ª Vara Civil do Foro Central de São Paulo, onde o médico comprovou que vive desde 2004 em relação estável com seu companheiro Mário Jorge Warde Filho, que também é medico. No ano de 2009, os dois chegaram a lavrar uma escritura pública declaratória dessa união, anexada ao processo.
O juiz de primeira instância deu razão ao sócio, mas o clube recorreu ao Tribunal de Justiça. Alegou que o centenário Paulistano, um dos clubes mais tradicionais e fechados de São Paulo, segue o Código Civil, segundo o qual só existe relação estável entre homem e mulher. Também afirmou que o Estado não pode se intrometer em assuntos de interesse de entidade privada. Por fim, assegurou em sua defesa que qualquer mudança no estatuto do clube só pode ser feita por meio assembleia dos associados.
O relator do caso na 6.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal, desembargador Fortes Barbosa, não aceitou nenhuma das alegações. Lembrou que o Estado tem obrigação de garantir o respeito aos direitos fundamentais das pessoas não só nas suas relações diretas com os cidadãos. Deve protege-los também nas relações entre pessoas físicas e jurídicas. Em outras palavras, nenhuma associação civil pode agir à revelia da lei.
Quanto à lei, o relator lembrou que ela já reconhece a união homoafetiva como família. Citou a decisão do Supremo Tribunal Federal, de 2011, que diz o seguinte: os casos de união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo não diferem em nada dos casos entre heterossexuais. A decisão no STF foi aprovada por unanimidade.
Por fim, quanto à assembleia do clube, o relator concluiu ser desnecessária, porque nenhuma decisão dela pode se opor às leis vigentes no País.
Os desembargadores Francisco Loureiro e Percival Nogueira seguiram o voto do relator.
O clube ainda pode recorrer a instâncias superiores.
Fonte: Estadão MSN

sábado, 17 de novembro de 2012

Uma vida teatral


Nas igrejas evangélicas, é predominante a idéia de que a homossexualidade é um pecado de morte. Um pecado tão mortal e tenebroso que a maioria dos gays cristãos prefere viver enclausurada dentro de uma aparente vida heterossexual, chegando até mesmo, em muitos dos casos, a contrair um casamento hétero, com direito a filhos e tudo mais. É como se a pessoa vivesse constantemente dentro de um teatro e sua vida comum fosse uma peça sem término nem fim. Quanto mais ele encena, mais o público, neste caso, a igreja, aplaude. 

Alguns rapazes crentes acabam encenando tão bem o papel que a igreja espera deles que se torna quase impossível deixar o palco para viver uma vida real. E quando digo vida real não quero dizer uma vida de promiscuidade. Sim, porque muitos gays crentes acham que se eles saírem do mundinho escondido que eles vivem e derem vazão aos seus desejos, acabarão se tornando “homens da vida”. De fato, isto acontece em muitos casos, tanto com aqueles que saem da igreja para viver o mundo GLBT na sua forma mais intensa, quanto com os que preferem ficar na igreja e viverem uma vida dupla, assumindo um comportamento homossexual clandestino e praticando sexo em aventuras perigosas. Mas não é este tipo de “vida real” à qual eu me refiro aqui, mas sim de uma vida honesta consigo e com aqueles que o cercam, podendo se relacionar (ainda que discretamente) com um homem que ame, sem usar meninas como esconderijo e escudo para sua orientação sexual, postando fotos com garotas diferentes de tempos em tempos para “pagar de hétero” no Facebook e em outras redes sociais. 

Há alguns anos conheci um certo homem chamado Tim*, casado e pai de quatro filhos. Tim era ministro em sua igreja, uma denominação americana muito semelhante à Congregação Cristã em seus usos, costumes e doutrina. Por muito tempo conversei com este homem sobre assuntos concernentes à doutrina cristã. Neste tempo eu vivia um duro conflito interior, onde eu já não agüentava mais esconder da minha família quem eu era de verdade. Precisava desabafar com alguém o que eu sentia: o conflito fé x homossexualidade. Encontrei no Tim uma pessoa confiável para compartilhar meu até então segredo guardado a sete chaves, afinal ele era um homem aparentemente íntegro, honesto, pai de família, evangélico e ministro espiritual. 



Após contar-lhe que há anos eu vivia um conflito devido a minha natureza gay, ele me confessou que, embora casado, pai de família e ministro cristão, ele também era homossexual. Eu fiquei um tanto assustado com sua revelação, pois não imaginava mesmo que ele fosse gay. Tim acabou me contanto que, quando jovem, buscou conselhos com um ancião de sua igreja sobre este assunto e o mesmo lhe disse que o casamento seria uma saída divina para sua homossexualidade. Algum tempo depois, Tim conheceu sua esposa Lindsay*, a qual ele disse amar verdadeiramente, e com quem ele teve 4 filhos. No entanto, ele continuava a sentir atração por homens e, a uma certa altura de sua vida conjugal, sua esposa acabou por descobrir sobre sua homossexualidade. Seu casamento entrou em crise e eles passaram a dormir em quartos separados. Por causa dos filhos não conseguiam se separar e Tim então passou a ter encontro amorosos com homens, com a ciência de sua esposa. 

Tim é um exemplo claro do tipo de “artista” que as igrejas evangélicas podem gerar entre seus fiéis homossexuais, artistas estes que desejam tão vorazmente permanecer no palco que abdicam de suas vidas reais, sem medir limites e conseqüências, para alcançarem a premiação prometida para aqueles que permanecerem “firmes e fiéis até o fim”.

*Nome fictício

domingo, 23 de setembro de 2012

O fracasso da suposta 'cura' gay


O americano Peteson Toscano conta ter gasto USS$ 30 mil (cerca de R$ 60.500), recorrido a três tentativas de exorcismo e passado por um casamento fracassado até conseguir superar seus dilemas pessoais e aceitar que era gay.
O processo durou 17 anos e Toscano hoje milita contra tratamentos que atendem por com nomes como ''conversão'' ou ''terapia reparadora'', voltados para gays que querem mudar sua orientação sexual.
Tais práticas contam com o apoio de Igrejas fundamentalistas cristãs. E alguns dos que se submeteram a elas asseguram sua eficácia e se definem como ex-gays.
Mas Toscano, de 47 anos, afirma que não só estes processos não funcionam como também causam danos psicológicos.
Ele é de uma tradicional família ítalo-americanda do Estado de Nova York. Cristão devoto e evangélico, Toscano teve dificuldades em aceitar o que via como um conflito entre sua orientação sexual e sua fé.

'Desespero terrível'

''Eu estava fazendo algo errado pelo qual eu seria punido na outra vida. E por isso sentia muito medo e um desespero terrível'', afirma, em entrevista à BBC.
Como um adolescente que cresceu nos Estados Unidos da década de 80, Toscano viveu em uma época em que o termo ''gay'' era um sinônimo de Aids. Até 1973, psiquiatras americanos classificavam homossexuais como sendo insanos.
''Eu somei dois mais dois e cheguei ao que me parecia ser uma equação lógica, a de dizer 'isto é errado, é ruim, eu preciso consertar isso'. E 17 anos depois eu finalmente acordei e retomei a razão'', afirma.
Os anos de tratamento são uma lembrança dolorosa. Após ter entrado em depressão depois de uma entrevista à rádio pública dos Estados Unidos na qual relatou os processos a que se submeteu, ele agora evita entrar em pormenores.

Experiência traumática

Mas ele relata que um dos incidentes mais sombrios ocorreu durante seu internamento por dois anos no centro Love in Action (Amor em Ação), hoje rebatizado como Restoration Path (Caminho da Restauração), na cidade de Memphis, no Estado americano do Tennessee.
Lá, ele foi instruído a registrar todos os encontros homossexuais que já havia tido. Em seguida, pediram que ele relatasse o mais constrangedor destes encontros para sua família.
Tais terapias não se limitam, no entanto, aos Estados Unidos. Toscano visitou a Inglaterra na década de 90 a fim de se submeter a um exorcismo. Ele já tinha se submetido a dois exorcismos fracassados nos Estados Unidos.
De acordo com Peterson, esse tipo de prática ''é danosa psicologicamente especialmente para os jovens. Se você acredita nisso, você fará qualquer coisa para rasgar a sua alma''.
Nos Estados Unidos, já estão sendo tomadas medidas para proibir parcialmente as terapias de conversões para gays no Estado da Califórnia. E o governador Jerry Brown está avaliando um projeto de lei que torna ilegal a terapia reparadora para crianças. Se aprovada, será a primeira medida nesse sentido tomada no país.
Toscano tem um blog e um canal de YouTube e usa sua experiência como ator de teatro realizando apresentações nas quais procura conscientizar pessoas sobre os danos causados aos que se submetem a tratamentos para suprimir ou mudar suas orientações sexuais.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ministério da Malásia publica lista de ‘sintomas’ da homossexualidade


Material foi distribuído a participantes de evento sobre pais e filhos gays.
'Ter corpo musculoso e gostar de exibí-lo' é listada como característica gay.


O Ministério da Educação da Malásia está recomendando uma lista de características que acredita poder ajudar os pais a identificar a homossexualidade em seus filhos.

De acordo com o “Global Post”, a lista foi distribuída aos participantes de um seminário sob o tema “Como os pais devem abordar a questão dos LGBTs”, e publicada nesta quinta-feira (13) pelo diário chinês “Sin Chew Daily”.

“Jovens são facilmente influenciados por sites e blogs ligados aos grupos LGBT. Isto pode facilmente se espalhar entre os amigos. Estamos preocupados que isto aconteça durante o período escolar”, discursou o ministro da Educação, Mohd Puad Zarkashi, para cerca de 1,5 mil professores e pais no evento. 

Entre os “sintomas” listados, estão “ter um corpo musculoso e gostar de exibí-lo usando camisetas com gola V e sem mangas”, para os meninos, e “gostar de sair, fazer refeições e dormir na companhia de outras mulheres” para as meninas (veja a lista completa abaixo).

O “guia” afirma ainda que “uma vez que a criança apresente tais sintomas, [os pais] devem dar atenção imediata”.

A Malásia, um país predominantemente muçulmano conservador, mantém leis que criminalizam a homossexualidade e permitem ao Estado punir gays com até 20 anos de prisão.

Este ano, o governo disse que personagens gays podem ser representados em filmes e na televisão, desde que, ao final da história, o personagem se torne heterossexual ou demonstre arrependimento por seus modos homossexuais.

Caraterísticas

Veja a seguir a lista de “sintomas” atribuídos pelo ministério malasiano à homossexualidade em meninos e meninas.

Sintomas de gays:
  • Ter um corpo musculoso e gostar de exibí-lo usando camisas com gola V e sem mangas;
  • Preferir roupas justas e de clores claras;
  • Sentir atração por homens; e
  • Gostar de usar bolsas grandes, parecidas com as usadas por mulheres, ao sair.
Sintomas de lésbicas:
  • Atração por mulheres;
  • Se distanciar de outras mulheres que não sejam suas companhias femininas;
  • Gostar de sair, fazer refeições e dormir na companhia de mulheres; e
  • Não ter afeto por homens."
Fonte: G1

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Parada gay de Jerusalém celebra 10º aniversário

Judeu ultra-ortodoxo observa comemoração da 10ª Parada Gay em Jerusalém 

Integrantes da comunidade de homossexuais, lésbicas e transexuais se concentraram em um parque do centro da cidade para comemorar o evento

Jerusalém - A cidade de Jerusalém, habituada ao conservadorismo por abrigar diversos lugares sagrados para as três religiões monoteístas, foi tingida com as cores do arco-íris nesta quinta-feira para celebrar o décimo aniversário da Parada Gay.
Integrantes da comunidade de homossexuais, lésbicas e transexuais se concentraram em um parque do centro da cidade para comemorar o evento que parece ser mais aceito nos dias de hoje, mas que há dez anos trava uma autêntica batalha contra os setores ultra-ortodoxos.
"Esta é uma oportunidade para pensar em todas as mudanças que ocorreram em Jerusalém nestes últimos dez anos", disse Elinor Sidi, presidente da Open House, uma das instituições que representa a comunidade gay em Israel.
Segundo a ativista, não existem mais ataques físicos aos gays em Jerusalém. No entanto, "apesar das mudanças", Elinor ressalta que ainda há muito que fazer.
Vestidos com trajes coloridos e extravagantes, os participantes, que eram acompanhados por um grande contingente policial, marcharam desde o Parque da Independência até o Parque Gan HaPaamon (Sino da Liberdade), onde os discursos deram espaço a uma grande festa.
Por conta do risco de um possível ataque por parte de extremistas da comunidade aultra-ortodoxa, fato que já ocorreu em edições anteriores, câmaras aéreas acompanhava o evento para garantir a segurança dos participantes.
De acordo com Elinor, essa medida de segurança e o grande desdobramento seguem uma política preventiva, mas não há nenhuma ameaça concreta.
Em sua mensagem aos participantes, a ativista se referiu aos avanços que a comunidade realizou na cidade nestes últimos anos que, segundo sua ela, não significam que "tenham normalizado" a vida dos homossexuais em relação ao restante da população.
"Ainda há alguns atos de violência (não necessariamente física) pela rejeição das pessoas. É mais difícil ser homossexual e lésbica em Jerusalém do que em Tel Aviv e Haifa", afirmou a ativista, que ressaltou que nestas duas cidades, muito mais liberais, a prefeitura contribui com as despesas da passeata.
Nos dias que antecederam a marcha, porta-vozes da comunidade ultra-ortodoxa expressaram muitas rejeições em relação à Parada Gay em Jerusalém, a qual, segundo eles, "contamina" a cidade.
A lei religiosa judaica descreve a homossexualidade como uma "abominação". 
Fonte: Exame

terça-feira, 31 de julho de 2012

Há vida lá fora - um ano e meio fora do armário


Há pouco mais de um ano e meio eu saia do armário para minha família. Fui o assunto do momento por várias semanas. A notícia se espalhou rapidamente. Ouvi e soube de várias pessoas que se chocaram, choraram e não acreditaram ao saber que eu, um irmãozinho músico, tradicional, cheio de "pretendentas" e de ótimo testemunho (modéstias à parte) era "aquilo...uma abominação". Bom, adjetivos à parte, sou sim homossexual. E dai? E dai que eu enfrentei de cabeça erguida todo este falatório, as desconfianças e maledicências que proferiram contra mim (não diretamente na minha cara, óbvio). Continuei minha vida, sendo quem eu sempre fui: um homem íntegro, trabalhador e honesto...para tristeza de muitos, é claro, já esperavam que eu iria me transformar e me liberar, sair dando escândalos, vestindo roupas femininas, e sendo o "palhacito" do bairro. Pobres almas que vivem do espetáculo alheio. 

Conquistei meu o espaço e o respeito da minha família. Meus amigos? Continuaram sendo meus amigos. Eu também descobri que alguns daqueles que se diziam meus amigos eram na verdade "falsos amigos", mas isto não me importa mais. O que importa é que hoje sou feliz. Não preciso mais dar desculpas esfarrapadas para "irmãos e irmãs santo-casamenteiros" que tanto se incomodavam com meu solteirismo, e queriam a todo custo arrancar de mim o  porquê de ainda estar sozinho. Não preciso mais arranjar namoradas de fachada, nem dizer que "Deus vai preparar uma serva no tempo certo", nem viver tendo que "bancar o hétero fervoroso", que não se casou porque priorizou se aplicar às "coisas de Deus". Esta vida de máscaras acabou. Hoje sou verdadeiro, sou eu mesmo. 

Claro, não anuncio aos quatro cantos da terra minha vida privada. Sou cauteloso e discreto. Infelizmente ainda vivemos numa sociedade homofóbica e preconceituosa e temos que ter jogo de cintura para vivermos sem maiores problemas. Mas estou liberto. Liberto para ser quem eu sempre fui. Por causa das amarras da religião precisei fingir por muitos anos ser alguém que eu não era. 

Meu conselho para aqueles que ainda estão no armário: tenha cautela, pois há um tempo determinado para todas as coisas. Esperei até meus 25 anos por este momento. O primeiro passo para sair do armário é estar bem consigo mesmo. Acredito que o primeiro desafio a ser vencido como crente é o trauma que a religião nos causa, ao afirmar que "gays são filhos do diabo", "homossexuais não tem salvação" etc. Um livro muito interessante que li e recomento é "O Código da Inteligência", de Augusto Curi. Não trata a homossexualidade diretamente, mas ajuda a encontrarmos o equilíbrio emocional em situações de trauma psico-social. "Não orbite em torno das opiniões alheias, seja você mesmo" é um dos lemas deste livro.

Ao sair do armário, você precisa estar preparado para mudanças. Infelizmente a igreja não vê com bons olhos quem se assume. É muito confortável para as igrejas evangélicas que os gays (sim, os anciães, cooperadores, pastores sabem muito bem que há muitos gays nas igrejas) não se assumam. Algumas pessoas podem afastar-se de você. Não se assuste. Você descobrirá quem são seus verdadeiros amigos (prepare-se para grandes decepções).

Nesta vida nada é garantido. Para tudo há um risco.Se não arriscarmos e não apostarmos na nossa própria felicidade, e sobretudo lealdade ao nosso próprio eu, jamais viveremos a vida como ela deve ser de fato vivida.

sábado, 5 de maio de 2012

Pastor incentiva pais a espancarem filhos que “pareçam gay”



Sean Harris, da igreja Batista Bereana, na cidade de Fayetteville, Carolina do Norte, está no centro de uma nova polêmica envolvendo os homossexuais.

Durante um sermão ele sugeriu que os pais batessem nos filhos, se perceberem que os meninos se comportam como “maricas”. “Ele incentivou os pais cristãos que é melhor quebrar ossos que “perder os filhos para a homossexualidade”.

“Portanto, o seu filho pequeno começa a agir como uma menininha, se ele tiver mais de quatro anos diga a ele para agir feito homem, tirar o vestido e ir cavar uma vala, porque é isso que os meninos devem fazer… Não pegue sua câmera e comece a tirar fotos do menino agindo como uma menina e depois coloque no YouTube para todos rirem disso… Quando você menos esperar seu garoto estará agindo com fantasias infantis que deveriam ter sido esmagadas no início. Posso ser mais claro? Pais, no instante em que vocês perceberem seu filho sem pulso firme, vá até ele e quebre aquele pulso… Cara, dê-lhe um bom soco, ok? Diga: Você não deve agir assim. Você foi feito por Deus para ser macho e você vai ser um macho. E quando sua filha começa a agir como um menino, endireite ela. Você diz, ‘Oh, não, querida. Você pode praticar esportes. Mas jogue para a glória de Deus. Você deve agir como uma menina, andar como uma menina, falar como uma menina e cheirar como uma menina. Assim você será bonita. Você será atraente. Você vai usar vestidos bonitos…”, disse ele durante o polêmico sermão.

O áudio e o vídeo foram parar na Internet e geraram uma onda de críticas. Muitos sites e blogs reproduziram o vídeo e condenaram as declarações do pastor, especialmente a comunidade GLBT. Ele pediu desculpas em um comunicado oficial, dizendo que foi tudo um mal entendido e que tiraram suas palavras de contexto.

Durante entrevista a um programa de rádio, afirmou “Sei que aquelas não foram as melhores palavras. Se eu repetisse tudo de novo, escolheria outras palavras”. Ele faz questão de dizer que não está incentivando a violência contra crianças, mas que apenas considera necessário defender “a importância da distinção de gêneros criada por Deus”, “Eu não disse que as crianças devem apanhar. (…) Não disse nada com intenção de ofender os membros da comunidade GLBT. Minha intenção era apenas comunicar a verdade da palavra de Deus sobre o casamento”, escreveu ele em seu blog.

O motivo de seu sermão e da repercussão é que a Carolina do Norte deve votar em breve a legalização do casamento gay naquele Estado. Assim como em outros Estados americanos, desde o final de 2011 existem manifestações a favor e contra a união de pessoas do mesmo.

Recentemente, o evangelista Billy Graham, que mora na Carolina do Norte, escreveu um artigo para um jornal encorajando os eleitores a votarem a favor da emenda constitucional que deve “banir” o casamento gay.

“Assistir o declínio moral do nosso país me causa grande preocupação… eu creio que o lar e o casamento, a base de nossa sociedade, devem ser protegidos”.

“Nunca imaginei”, disse Billy Graham, “que aos 93 anos teria que debater a definição de casamento. Mas a definição de Deus é clara: na Bíblia o casamento é entre um homem e uma mulher”. A declaração do pastor foi reproduzida em 14 grandes jornais americanos, e será publicada em sua íntegra neste final de semana em vários outros.


sexta-feira, 23 de março de 2012

IT GETS BETTER - Prevenindo suicídio entre jovens GLBT


"Tudo vai melhorar", é o nome da campanha lançada nos Estados Unidos, reunindo videos com mensagens encorajadoras a jovens gays e lésbicas que sofrem bullying nas escolas, no bairro onde moram e dentro de suas próprias casas.

Após ter vindo à tona na mídia americana notícias de suicídios de vários jovens homossexuais que sofriam opressão social (o famoso "bullying"), várias empresas de nome (Google, Microsoft, IBM, Apple, Sony entre outras) órgãos governamentais, atores e atrizes famosos (héteros e gays) e até mesmo o presidente americano Barack Obama publicaram vídeos com a mensagem "Tudo vai melhorar", ou "It gets better" em inglês, transmitindo palavras de alívio e esperança para jovens homossexuais. . Vários gays bem sucedidos dão seus depoimentos de como eles sofreram na infância e adolescência, sendo chamados de nomes pejorativos, até mesmo sofrendo agressão física, mas tudo passou, e "Tudo vai passar para você também. Aguente um pouco mais e você verá que vale muito a pena viver. Tudo vai melhorar", é o tema central da mensagem.


quinta-feira, 22 de março de 2012

A difícil missão de sermos nós mesmos



Em um post anterior eu havia falado sobre “a difícil missão de ocultar” a homossexualidade de parentes, amigos e da igreja. Desta vez, resolvi falar sobre dificuldade que muitos jovens gays enfrentam para serem quem eles são de verdade. 

Para a maioria da sociedade, ser homossexual é algo digno de vergonha, quando não de punição verbal ou até mesmo física, afinal ser gay seria uma “escolha”, um ato de rebeldia contra os bons princípios da sociedade como um todo. No campo religioso, a homossexualidade é vista como uma “perversão diabólica”, uma “abominação” contra Deus e sua vontade. Frequentemente religiosos (e curiosamente não religiosos também) citam passagens bíblicas para afirmarem que ser gay é algo horrendo: “E deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher[e não a outro homem], e serão ambos uma só carne”, “E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro “. E é neste ambiente de hostilidade que gays e lésbicas são criados, sentindo-se compelidos a reprimirem seus desejos e assumirem uma postura heterossexual para estarem de acordo com “as regras sociais” e com a “palavra de Deus”. 

Recentemente tenho acompanhado o processo frustrado de “saída do armário” de alguns irmãos da CCB. Um deles, um rapaz tímido, de boa conduta, músico oficializado, após tentar alguns relacionamentos com irmãzinhas e não conseguir desenvolver a “química do amor”( por razões óbvias), tentou encontrar em sua família um entendimento sobre sua condição sexual. Seus pais, psicologicamente despreparados para lidarem com a situação, possuindo apenas o entendimento teístico sobre o tema, lançaram todo o terror da religião sobre ele. Não bastasse isto, seu pai, crente batizado, disse que “se seu filho virasse isto” (ou seja, assumisse sua homossexualidade) ele o mataria. Sem apoio algum da família, e cheio de conflitos em sua mente, este jovem buscou a psicologia. Ao chegar ao consultório, ele foi orientado que a única forma de ele ser feliz seria sendo o que ele realmente é, e não o que a família e a sociedade queria que ele fosse. Ele deveria, portanto, enfrentar o preconceito e a ignorância de sua família, tentando esclarecer-lhes sua condição. Este rapaz, nascido e criado dentro da Congregação Cristã, argumentou com a psicóloga que ele era crente e que não era da “vontade de Deus” esta sua condição. Ele saiu do consultório aos prantos. Da última vez que conversamos, ele me disse que “ amorteceria seus desejos carnais” em nome de suas crenças. Infelizmente, a verdade é que ele adotou esta atitude por não encontrar apoio em sua própria família e estar em conflito consigo mesmo, conflito este causado sobretudo pela religião. 

Um outro rapaz da CCB, músico oficializado, viveu por alguns anos uma vida dupla perante a igreja e sua familia. Após ter sido descoberto sem que tivesse sido sua intenção (estava em um relacionamento com um outro rapaz da CCB), ele assumiu sua homossexualidade para sua familia, mas após algum tempo chegou à conclusão que “jamais seria feliz vivendo com um homem”, já que a religião tinha um papel muito importante em sua vida e ele jamais seria aceito na igreja vivendo desta forma. Assim sendo, após algum tempo deste ocorrido ele “voltou para o armário”, buscou uma moça da CCB, a qual certamente desconhecia sua trajetória, e se casou. 

Um terceiro jovem da CCB há algum tempo me disse que estava interessado em um colega de trabalho mas que não sabia como fazer para saber se ele também estava afim dele. Encontrando-o novamente estes dias eu perguntei como ele estava. Surpreendentemente, ele me disse que estava namorando uma “irmã da CCB”. Eu lhe questionei o motivo, e ele me disse que “por influencia do ambiente, e sobretudo da religião” ele estava namorando esta moça, e que “ele não conseguia lagar de Deus”... 

Tendo como base estas três histórias, dá para perceber que a maioria dos gays da CCB, e não somente da CCB mas também de outras igrejas evangélicas, encontram grande dificuldade em assumirem sua condição homossexual, já que os valores da religião criam um conflito muito forte em suas mentes, além de encontrarem resistência em seus parentes também evangélicos, e sobretudo o medo de perder suas identidades religiosas. Para estes, não há como assumir um relacionamento gay e continuar sendo membros da comunidade religiosa à qual eles pertencem, o que seria sinônimo de abandonar a Deus. Assim, muitos preferem buscar um casamento com alguém do sexo oposto. Em muitos destes casos, infelizmente, existe um namoro / casamento de fachada e um (ou muitos) casos amorosos paralelos com pessoas do mesmo sexo. 

Será mesmo que vale a pena viver escondido atrás da religião e de relacionamentos infelizes para agradar aos outros? Será mesmo que é esta a vontade de Deus?